Go Vegan – Mitos e verdades sobre veganismo e saúde
O veganismo vem crescendo muito nos últimos tempos. E, junto ao movimento, crescem também […]
Continuar lendoO dia 27 de julho foi designado pela OMS como Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço e talvez você esteja se perguntando: que câncer é esse? Na verdade, Câncer de Cabeça e Pescoço é um termo que abrange os diversos tumores malignos encontrados nessas regiões do corpo.
Para entender melhor e anatomicamente, vale ressaltar em quais estruturas eles aparecem: lábios, língua, assoalho da boca e palato, no que chamamos de Cavidade Oral; maxilares, frontais, etmoidais e esfenoidais, nos Seios da Face; na nasofaringe, orofaringe e hipofaringe; na supraglote, glote e subglote e ainda nas glândulas salivares, vasos sanguíneos, músculos e nervos da região, da tireoide e o câncer de pele na região.
Pois é, qualquer tumor maligno identificado em um desses pontos será considerado Câncer de Cabeça e Pescoço. Assim, existem cirurgiões especialistas em cirurgia de cabeça e pescoço, como a nossa professora da Medicina UniFTC Caroline Seidler, que explica algumas coisas para a gente.
Primeiro, vamos entender que, dentre as diversas possibilidades da existência de tumores como visto acima, existem alguns tipos mais comuns. Segundo a cirurgiã, nos homens, prevalecem os cânceres de cavidade oral e laringe – que ocupam a 5ª e 8ª posição nas estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) de 2020 – e que estão relacionados com o alcoolismo e tabagismo.
Já nas mulheres, o mais comum é o câncer de tireoide – que também ocupa a 5ª posição, em relação aos mais comuns no sexo biológico – que, inclusive, teve uma incidência maior nos últimos anos, o que Caroline Seidler acredita ser, pricipalmente, causado pela maior disponibilidade de exames complementares e diagnóstico precoce.
“Precisamos ainda lembrar do câncer de pele, que pode acometer também a cabeça e o pescoço. O tipo histológico mais comum é o carcinoma escamocelular”, reforça a professora e cirurgiã.
Segundo Caroline Seilder, os principais fatores de risco são tabagismo e etilismo. “Eu diria que, se a gente fumasse e bebesse menos, nossa taxa desses tipos de tumores cairia. Mas existem outros fatores de risco, como exposição à fumaça de madeira e carvão, exposição solar, exposição à radiação ionizante, além do vírus do HPV, que mais recentemente descobrimos grande associação com os cânceres de cabeça e pescoço, principalmente de orofaringe”, explica.
Para a prevenção, as dicas não são tão difíceis de dar conta. “Cessar o tabagismo e etilismo é a principal forma de prevenção. O sexo com camisinha, no caso da infecção pelo HPV, pode prevenir a infecção pelo vírus e consequentemente o desenvolvimento do câncer. Mas existem também fatores genéticos envolvidos, que podem influenciar”, pontua Caroline.
Assim, para a especialista, em cada câncer é possível pensar em alguns fatores que ajudam na prevenção: para os cânceres de pele, temos o uso do protetor solar; para os de nasofaringe, evitar a exposição a fogão a lenha ou fumaça; para o de tireoide, evitar a exposição à radiação ionizante.
Primeiro, procurar um médico periodicamente é essencial em diagnósticos precoces para qualquer doença. Se tratando dos cânceres de cabeça e pescoço, Caroline Seidler explica que “quando falamos dos tumores benignos, a dor normalmente não está presente. Nos tumores malignos, aí sim podemos ter quadros de dor”.
Outras alterações no corpo como feridas na boca que não cicatrizam e doem, caroços que surgem no pescoço que podem ou não doer, rouquidão que não passa, dificuldade para deglutir ou dor de garganta que não tem causa aparente, podem ser um sinal de alerta, como explica a cirurgiã.
Para entender as consequências causadas à vida de pessoas que desenvolveram algum câncer na região da cabeça e pescoço, é importante entender primeiro o local do tumor e se foi ou não detectado no início.
“Os cânceres de boca tem um comportamento mais agressivo e por isso quando diagnosticados a tempo, tendemos a operar todos. Nos casos de câncer de laringe, a depender do tamanho e algumas outras características, podemos tentar tratamentos com quimio e radioterapia, sem a necessidade de cirurgia”, explica a médica.
Já sobre o câncer de tireoide, Caroline explica que, normalmente, com tratamento sendo bastante individualizado, vai desde o tratamento com radiofrequência, até técnicas cirúrgicas minimamente invasivas que estão se solidificando, como a tireoidectomia transoral e a cirurgia robótica.
Também depende do estágio em que a doença for descoberta, como a maioria das doenças. “Quanto mais precoce o diagnóstico, maior é a chance de cura. Alguns tumores mesmo localmente avançados, se não tivermos metástases à distância, possuem uma boa taxa de cura com tratamentos combinados, como cirurgia com quimioterapia e radioterapia”, aponta Caroline Seidler.
Para os (futuros) estudantes de Medicina que querem entender um pouco mais sobre a especialidade, a professora da Medicina UniFTC avisa que é barril dobrado. “Em 2 anos, precisamos aprender a tratar tumores que têm muitas vezes características bem diferentes, mas é bastante gratificante quando conseguimos ver a melhora desses pacientes”, afirma.
Além disso, a área conta com um crescente uso de tecnologias, que chegam como aliadas nos tratamentos, o que gera a necessidade de estudos constantes e multidisciplinaridade.
“É um especialidade em que lidamos muito com equipes multidisciplinares, o que também é incrível, já que esses pacientes muitas vezes ficam com sonda nasoenteral, traqueostomia e precisamos do pessoal da fonoaudiologia, nutrição, oncologia, fisioterapia, enfermagem… todos trabalhando juntos”, explica Caroline que ainda deixa mais uma vantagem em seguir a especialidade: o mercado ainda tem espaço para novos profissionais com remuneração digna.